A AVALIAÇÃO
Nas nossas vivencias diárias, estamos constantemente a avaliar e de igual forma somos avaliados por aqueles que estabelecem connosco processos de interacção, mesmo que a maior parte das vezes não nos apercebamos de tal realidade.
Sobre este olhar, temos consciência de que há um espaço onde essa avaliação determina muitas vezes o destino das pessoas: a escola.
Neste sentido, urge a necessidade de que a avaliação qualitativa das escolas seja um tema transparente e eficaz. Todo o percurso na conquista desta realidade poderia ser projectado com reflexos de uma imagem límpida e verdadeira, a toda a sociedade.
No que concerne a esta temática, o estudo rigoroso sobre a avaliação implica um estudo vasto e profundo sobre as escolas enquanto instituição e ao mesmo tempo conhecê-la na sua ética de valores e representação para essa mesma sociedade.
No limiar do Século XXI, a realidade sobre o sistema de avaliação qualitativa das nossas escolas apresenta-se ainda num leque distorcido e apercebemo-nos de que a avaliação qualitativa das mesmas focaliza-se essencialmente na aprendizagem dos alunos, sem se proceder a um diagnóstico sobre as dificuldades e facilidades dos mesmos.
Nesta linha de pensamento, destaca-se de uma forma bastante explícita, que existe uma necessidade acrescida para o estudo desta causa. No entanto, demos conta que muito ainda há para fazer no sentido de colmatar esta lacuna.
Nesta perspectiva, alerta-se para outras formas de procedimento, destacando a necessidade de uma mudança urgente neste conceito. Daí que, em primeiro lugar é preciso querer e aceitar mudar esta prática rotineira. A mudança no sistema de avaliação visa, sobretudo, valorizar e dar ênfase aos conhecimentos construídos fora do contexto escolar, uma vez que só têm sido valorizados os padrões determinados pela instituição; o aluno da camada social menos favorecia fracassa diante da expectativa a seu respeito.
A marcha da avaliação qualitativa das escolas constrói-se sempre numa aliança inerente aos valores da própria sociedade, dando voz àqueles que nem sempre podem manifestar as suas opiniões.
Neste contexto, vamos recordando que as avaliações qualitativas na maioria das nossas escolas têm sido realizadas através de relatórios ou questionários essencialmente dirigidos aos professores, ocultando assim a opinião dos alunos, Encarregados de Educação e suas experiências.
Para culminar esta etapa é de todo necessário proceder a uma planificação sustentável e reflexiva, visando sempre as possíveis falhas para a projecção de uma educação de qualidade e democrática.
Em análise reflexiva: Em prol dos alunos, dado que sem eles não há escola, torna-se necessário e fundamental a constituição de um conceito de avaliação escolar que atenda às necessidades de escolarização porque são eles que mais têm sofrido com o modelo de avaliação actual. E, se a sociedade exige um novo modelo de escola, é necessário também, criar um novo processo de avaliação.
Avaliar poderia ser um processo de autoconhecimento e, também, o conhecimento da realidade e da relação dos sujeitos com essa realidade.
Nesta óptica, a avaliação poderia contemplar os vários ritmos de desenvolvimento e progressão, não acumulando lacunas e deficiências, favorecendo o auto-conceito e estimulando o sucesso educativo de todos os alunos. A avaliação enfatiza a individualidade, a diferença, seleccionando os métodos e recursos, adequando o currículo às necessidades de cada aluno.
A avaliação é o elemento integrador e regulador da prática pedagógica. Integrador, ao permitir a recolha de informações e a formulação de decisões que atendam às necessidades específicas de cada aluno. Regulador, ao determinar adaptações curriculares e selecção de métodos, estratégias e recursos educativos.
Em suma, avaliar é analisar as actuações dos vários intervenientes educativos; é reflectir nas planificações e adaptações curriculares na prática pedagógica; é controlar em pequenos passos a aprendizagem; é ter consciência das dificuldades; é procurar outros caminhos; é procurar o sucesso de cada um para que todos o consigam alcançar.
Maria de Lurdes Silva Maravilha
7 de Outubro de 2011